Suspiro, um dia após o outro...
Separava minhas roupas esperando o amanhã,
pensando que o amanhã me pertencia...
Mas será que eu lhe pertencia? Tinha me reservado em seus planos?
Escolheu vestir-se de mim?
Sair por entre as ruas ornando se de minhas fantasias,
com parte de meu cheiro, meu toque, meus pensamentos...
Será que ele me tinha sob suas mãos?
Saltos, ternos, vestidos, sapatos...
Reservando sempre o melhor para o especial amanhã...
Entregamos, e ele recebe,
recebe e carrega todas as minhas e provavelmente as suas, melhores decisões.
Melhores pertences, melhores abraços, melhores sentimentos, melhores vestes, melhores surpresas, melhores palavras, deixamos para o amanhã...
O amanhã não era um completo estranho,
ele tinha o potencial de ser o hoje que eu não usei...
A diferença é que o amanhã também tinha o direito de usar ou não o que reservei a ele...
Antigo amanhã, irônico, imprevisível, cansado de carregar meus eternos adiamentos.
E eu me preparava assim, separando minhas roupas,
sem nem saber que,
era eu o mistério do amanhã.
Ele permaneceria existindo fora de mim,
para todos os outros infinitos mistérios que no hoje,
desconheço.
E eu me preparava assim, separando minhas roupas,
encerrando meus questionamentos com outro...
"O hoje... Presente que você separa, guarda, ou veste?"
Menina X
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